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Barra de Punaú - por Arilza Soares

domingo, 27 de janeiro de 2013

DELÍCIAS DO NORDESTE: CAJU EM CALDA - CAJU CRISTALIZADO - PASSA DE CAJU - TRÊS RECEITAS PARA TIRAR QUALQUER UM DA AMARGURA!





Se é verdade que herdamos do português o gosto pelos doces, posso afirmar com convicção que herdei da minha mãe o gosto pelos doces caseiros, essas compotas maravilhosas feitas com as nossas frutas. Criada em meio a mamoeiros, bananeiras, goiabeiras, coqueiros  e cajueiros, doces dessas frutas nunca faltou na nossa casa, graças as mãos habilidosas de dona Angelita, que dominava  e, domina ainda hoje , as técnicas artesanais para fazer esses doces, que faz dela uma especialista. É dela a receita do doce em calda, mas a do doce cristalizado, nunca fizemos em casa porque é muito fácil de se comprar em qualquer mercearia ou doceria de Natal. Já a "passa de caju" essa vem lá de Caicó - e ninguém se aventura a fazer igual, porque não consegue - o segredo? Só as doceiras de Caícó podem explicar!







Herdamos do português colonizador a nossa paixão por doces. Nem os negros nem os índios faziam doces. "O português sempre fora devoto de doces e bolos. ''O doce nunca amargou afirmavam" - escreve Câmara Cascudo na sua História da Alimentação Brasileira. 
Em 1500 Pedro Álvares Cabral  mandara servir confeitos, fartéis, mel e figos, aos tupiniquins de Porto Seguro.  Já em 1585, o Padre José de Anchieta dando notícias da Província do Brasil, escrevia:" "Para os enfermos não faltam regalos que se fazem de açúcar, que há muito, e assim se fazem laranjada, cidrada, aboboradas, talos de alface e outras conservas"







"O  açúcar refinou o paladar brasileiro, dando-lhe densidade histórica por intermédio dos doces e bolos" - Gilberto Freyre.

Com a instalação dos engenhos e cultivo da cana- de- açúcar, a mão de obra escrava abundante e a tradição doceira dos portugueses, nossas iguarias se enriqueciam ganhando sabores tropicais, reinventados por mãos de  habilidosas cozinheiras. O advento do açúcar, fez surgir a calda, e com ela as frutas da terra tornavam-se compotas e doces nobres, oferecidos com estilo, nas mesas coloniais.
As mulheres portuguesas se utilizavam  da nossa flora para fazer doces e conservas..."fazem-se estes cajus de conserva, que é muito suave, e para se comerem logo cozido no açúcar cobertos de canela"
A partir desse momento, em cada região do país foram se desenvolvendo receitas típicas de doces de acordo com as frutas que eram encontradas em abundância em cada lugar. Assim o hábito de se comer determinados tipos doces passaram a fazer parte dos costumes locais, fazendo das sobremesas parte importante da culinária brasileira.








A mais popular das frutas brasileiras, valorizada no registro de todos os cronistas dos séculos XVI e XVII, é encontrada em abundância no Nordeste. Os índios contavam os anos pela floração dos cajueiros guardando as castanhas, e faziam com o fruto num vinho inebriante. Posteriormente, com o surgimento do açúcar, o caju passou a ser o ingrediente indispensável na fabricação dos nossos doces,  sejam eles em forma de doce em calda ou compota, doce de massa, doce cristalizado, geleia, ou doce caju-ameixa, esse último também conhecido como doce caju-passa.



RECEITAS DE DOCE DE CAJU


1 - DOCE DE CAJU EM CALDA




INGREDIENTES


  • Dois litros e meio de água
  • Um quilo de açúcar
  • Vinte cajus médios
  • Cravos-da-índia a gosto.


MODO DE PREPARAR

  • Lave bem os cajus e retire as castanhas
  • Faça vários furos em cada caju com palitos
  • Esprema delicadamente cada caju tirando o excesso do suco
  • Faça uma calda com a água e o açúcar, até borbulhar e ficar consistente
  • Depois coloque um a um na calda que não deve ser retirada do fogo
  • Se gostar acrescente cravo-da-índia, pois além de dar sabor ele perfuma o doce
  • Cozinhe em fogo baixo por cerca de uma hora até que o doce fique dourado.


2 - DOCE DE CAJU CRISTALIZADO






INGREDIENTES


  • 20 cajus
  • 1 quilos de açúcar branco ou mascavo
  • 1 quilo de açúcar cristal
  • Água

MODO DE PREPARAR

  • Retire as castanhas e lave bem os cajus, deixando-os com a pele.
  • Faça furos em cada caju e esprema-os com as mãos, para retirar todo suco que não é usado para fazer o doce.
  • Numa panela com água fervendo coloque os cajus e deixe ferver por três minutos. Escorra e deixe esfriar.
  • Esprema novamente os cajus com as mãos para que percam o excesso de água.
  • Leve ao fogo uma panela com um litro de água e o açúcar, até formar uma calda rala.
  • Acrescente os cajus nessa calda e deixe cozinhando em fogo bem brando por trinta minutos, com a panela tampada.
  • Retire  do fogo e no dia seguinte leve ao fogo (sempre baixo) por mais trinta minutos.
  • Essa operação deve ser repetida por três dias consecutivos.
  • Se a calda secar ou engrossar muito antes de ir novamente ao fogo, acrescente mais um pouco de água.
  • Deixe esfriar na panela e só então retire e coloque-os sobre uma peneira para que escorram.
  • Cubra-os com um filó e leve a peneira ao sol, ou a um lugar ventilado por cerca de cinco dias até que fiquem bem secos,
  • Observe quando  peneira estiver úmida da calda que escorre. Retire os cajus, lave seque a peneira e coloque novamente os cajus.
  • Passe cada caju em açúcar cristal e guarde em vidros  bem secos
  • Observação: os cajus poderão levar mais de cinco dias para ficarem totalmente secos. Isso vai depender do grau de umidade do ambiente.




3 - DOCE DE CAJU PASSA  ( CAJU AMEIXA )





INGREDIENTES

  • 30 cajus
  • 1 quilo de açúcar
  • 2 litros de água

MODO DE PREPARAR

  • Lave bem os cajus e retire as castanhas
  • Faça vários furos nos cajus (um a um). Não é necessário espremê-los.
  • Numa panela grande coloque a água o açúcar, mexa com uma colher, junte os cajus e leve ao fogo alto.
  • Quando levantar fervura abaixe, deixando em fogo brando. Deixe cozinhar por duas horas. Desligue e reserve até o outro dia.
  • No dia seguinte volte a panela ao fogo brando e cozinhe por mais duas horas.
  • Se a calda secar antes desse tempo, acrescente 1/2 xícara de água fria, sempre pelas bordas da panela. Você pode fazer isso sempre que achar necessário, até que a calda atinja uma coloração marrom escura.
  • O doce estará pronto quando a calda apresentar um aspecto de espuma grossa e de cor caramelo bem escuro e os cajus bem escuros quase pretos.
  • Deixe esfriar ainda na panela.
  • Retire um por um e coloque sobre uma peneira, cubra com um filó deixe escorrer, em lugar ventilado por uns três dias até que sequem bem.



Originalmente o Caju Passa é feito em fogão a lenha. O doce leva 12 horas em fogo muito lento. Essa receita, segundo consta no site "meu cantinho" foi adaptada para ser feita em fogão convencional, a gás.



FONTES:

  • Luís da Câmara Cascudo - História da Alimentação no Brasil - Global Editora e Distribuidora Ltda. - São Paulo/Sp
  • Receita de Angelita Soares da Silva - Natal/Rn
  • Pesquisas Google:

  1. http://buymazonbloger.blogspot.com.br/2012/11/receita-doce-de-caju-em-calda.html
  2. http://pt.petitchef.com/receitas/caju-cristalizado-sabor-brasil-fid-660818
  3. http://www.cajunor.com.br/noticia_detalhe.php?id=8
  4. http://paty777.blogspot.com.br/2009/11/doce-de-caju-ameixa.html

FOTOS:

  • Imagens Google
  • Edição de Fotos: Site Pic Monkey





sábado, 19 de janeiro de 2013

OBA! VAMOS BRINCAR DE RODA?



Que menina da minha geração não brincou de roda? Na minha infância era o nosso lazer principal, um ritual diário infalível. À tardinha, quase ao anoitecer, estávamos todas ali, em frente a casa de dona Ezilda, minha vizinha, para mais uma exaustiva rodada de brincadeiras, que só terminava com meu pai chamando para entrar, pois já passava da hora de criança ficar na rua. 
Eram muitas as Cantigas de Roda, e cada dia escolhíamos  algumas: "vamos brincar de que?" - Margarida! Pai Francisco! O cravo brigou com a Rosa! gritava algumas meninas. Lembro e sei de cor  mais de cinquenta dessas cantigas. Foi difícil criar um critério para postá-las aqui. Decidi optar então, pelas que mais gostava de brincar mesmo sabendo que algumas delas já nem se conhece mais! 

VAMOS BRINCAR DE QUE?


1 - CIRANDA, CIRANDINHA



Ciranda, Cirandinha - uma cantiga de roda das mais populares conhecidas no Brasil inteiro. Para os pesquisadores existem mais de vinte versões para a cantiga, registrada por brasileiros e portugueses.

  • As meninas fazem uma roda, e giram cantando, os dois primeiros versos: Ciranda, cirandinha/Vamos todos cirandar/Vamos dar a meia volta/volta e meia vamos dar/O anel que tu me destes/ era vidro e se quebrou/O amor que tu me tinhas/Era pouco e se acabou
  • Nesse momento o nome de uma menina é pronunciado e todas cantam: Por isso dona "Maria"/Entre dentro dessa roda/ Diga um verso bem bonito/Diga adeus e vá embora.
  • A menina cujo nome foi chamado, entra na roda, diz um verso qualquer e sai dando adeus.
  • A brincadeira continua até que a  última menina da roda tenha sido chamada.



2 - BELA PASTORA



Uma roda de meninas é formada, com uma outra do lado de fora.
  • Cantam as da roda, apontando para menina que está fora - a pastora: Lá em cima daquela montanha/Avistei uma bela pastora/Que dizia em sua linguagem/Que queria brincar.
  • As meninas continuam girando e cantando: Bela pastora entrai na roda/Para ver como se brinca/Uma volta volta e meia/Abraçais quem vós quereis.
  • Nesse momento a pastora, sempre dançando entra na roda, dá as voltas pedidas e abraça uma das meninas.
  • A menina que for abraçada será então a nova pastora.
  • A brincadeira termina quando todas tiverem sido abraçadas.



3 - LÁ NA PONTE DA ALIANÇA




  • As crianças em roda, cantam: Lá na ponte da Aliança todo mundo passa/Lá na ponte da Aliança todo mundo passa.
  • E imitando o trabalho das lavadeiras, com a mão na barra da saia cantam: As lavadeiras fazem assim/As lavadeiras fazem assim/Tra-lá-lá-lá/Trá-lá-lá-lá
  • E continuam: Lá na ponte da Aliança todo mundo passa (bis)
  • E coçando a cabeça: Os pioientos fazem assim/Os pioientos fazem assim/Trá-lá-lá-lá/trá-lá-lá-lá
  • E imitando os cavaleiros (galopando)
  • Imitando os soldados (marchando)
  • Imitando as vaidosas (botando pó)
  • A brincadeira vai assim prosseguindo, imitando outros movimentos habituais ou profissionais, sempre intercalando o refrão: Lá na ponte da Aliança todo mundo passa...


4 - NA MÃO DIREITA TEM
 UMA ROSEIRA




O circulo com as meninas de mãos dadas é formado, com uma menina do lado de fora.
  • As meninas da roda cantam: Na mão direita tem uma roseira/Na mão direita tem uma roseira/Que bota rosa no mês de maio/Que bota rosa no mês de maio.
  • E continuam: Entrai na roda bela roseira/Entrai na roda bela roseira/Fazei careta pra quem não gostais/E abraçais quem gostas mais.
  • Quando cantam entrai na roda, a menina que está fora passa para o centro da roda e todas cantam: Amor eterno/que farei na roda/Amor eterno que farei na roda/Entorta lá/Que eu entorto cá/Saia da roda para oura entrar.
  • Ao dizerem, entorta lá, que eu entorto cá - todas requebram, com as mãos nos quadris.
  • Por fim, a menina do centro faz uma careta para alguma menina da roda e em seguida, abraça uma outra, que será a seguinte a entrar na roda.
  • A brincadeira continua até que todas tenham ido ao centro da roda.

5 - OH! QUE BELAS LARANJAS




  • Uma roda de meninas se formam e todas cantam: Oh! que belas laranjas maduras/Ó maninha/De que cor são elas/Elas são verde e amarelas/Vira maninha cor de canela.
  • Todas as vezes que cantam - vira maninha - uma das meninas se volta para fora da roda, conservando as mãos dadas.
  • A brincadeira termina quando a última menina se volta para fora, ficando todas de costas, umas para as outras, sem soltar as mãos.



6 -A MARGARIDA




  • Feito o circulo de crianças, com uma no centro da roda, representando a Margarida.Do lado de fora da roda uma outra menina dança e canta: Onde está a margarida/Olê, olê, olá/ Onde está a Margarida/ Olê seus cavaleiros
  • Respondem as da roda: Ela está em seu castelo/Olê, olê, olá/Ela está em seu castelo/Olê seus cavaleiros.
  • A menina do lado de fora: Mas eu queria vê-la/ Olê, olê, olá/Mas eu queria vê-la/Olê seus cavaleiros
  • A roda: Mas o muro é muito alto/Olê, olê, olà/Mas o muro é muito alto/Olê seus cavaleiros.
  • A menina de fora vem e tira uma outra da roda cantando: Mas tirando uma pedra/Olê, olê, olá/Mas tirando uma pedra/Olê seus cavaleiros
  • A roda: uma pedra não faz falta/Olê, olê, olá/Uma pedra não faz falta/Olê seus cavaleiros.
  • A menina de fora vai tirando uma por uma as meninas da roda, só deixando mesmo a Margarida. A medida que vão saindo, as que continuam na roda vão girando e cantando: duas pedras não falta, três pedras não faz falta, etc até sair a ultima da roda. 
  • Nessa ocasião todas cantam, batendo palmas: Apareceu a Margarida/ Olê, olê, olá/Apareceu a Margarida/Olê seus cavaleiros.


7 - O PIÃO (RODA PIÃO)





  • Forma-se uma roda de meninas, com uma do lado de fora,(com um chapéu na cabeça)
  • Cantam as da roda: O pião entrou na roda ô pião/O pião entrou na roda ô pião /Roda pião/Bambeia pião/Roda pião/Bambeia pião.
  • A menina que está fora, passa para dentro da roda e começa a dançar, dando voltas, requebrando, imitando o movimento do pinhão.
  • A roda canta: Amostra tua figura ô pião/Amostra tua figura ô pião/Roda pião/Bambeia pião/Roda pião/Bambeia pião.
  • A roda continua cantando: Arrasta a saia no chão ô pião/Arrasta o pé no chão ô pião/Roda pião/Bambeia pião/Roda Pião/Bambeia pião
  • Nesse momento a menina que está no centro da roda, procura arrastar a barra do vestido no chão, sempre dançando.
  • Cantam as da roda: Entregue o chapéu a outra ô pião/Entregue o chapéu a outra ô pião/Roda pião/Bambeia pião/Roda pião/Bambeia pião.
  • A menina que representava o pião passa o chapéu pra uma outra que será a próxima a ser o pião.


8 - PENEDO



Para essa brincadeira são formadas duas rodas de crianças.Uma com duas meninas e a outra com diversas;
  • Na roda com maior número de meninas todas cantam: Penedo vai,/Penedo vem/Penedo é terra de quem quer bem.
  • Na outra roda menor as meninas cantam chamando uma da roda maior: Venha cá "Maria"/Venha cá meu bem/Você é das outras/É nossa também.
  • A menina convidada passa para a roda menor.
  • A roda maior repete: Penedo vai/Penedo vem/Penedo é terra de quem quer bem
  • A roda menor repete o convite: Venha cá "Francisca"/Venha cá meu vem/Você é das outras/É nossa também
  • E "Francisca" aceitando o convite passa para a roda menor
  • Assim a brincadeira segue até que todas sejam chamadas formando assim uma única roda.


9 - A MODA DA GARRANCHINHA















  • As crianças fazem uma grande roda, de mãos dadas e uma outra se coloca no centro da roda
  • Todas cantam: A moda da garranchinha/É moda particular/ Quem põe o joelho em terra/Não pode se levantar
  • Quando dizem -quem põe o joelho em terra - todas se ajoelham e se levantam ao mesmo tempo.
  • A roda continua cantando:"Maria" levanta a saia/ "Maria! levanta os braços/ "Maria" te dó de mim/ "Maria" me dá um abraço. ( O nome deve se referir a menina que está no centro da roda)
  • Ao dizerem -Maria levanta a saia - a "Maria" suspende o vestido.Acompanhando a letra "Maria" levanta os braços e por fim, dá um abraço na menina que deseja essa passa então para o centro da  roda.
  • A brincadeira termina quando todas tiverem ido ao centro da roda.



  • 10 - BOM BARQUINHO (PASSARÁS)




    Em Natal essa brincadeira, na minha infância era conhecida como "Bombaquinho" - uma corruptela de Bom Barquinho. Aqui no Sudeste as pessoas conhecem como "Passarás".
    Para essa brincadeira  forma-se primeiramente uma fila de crianças, uma atrás da outra, com a mãos nos ombros da seguinte. Depois a uma certa distância, ficam duas outras, formando num arco com os braços. Essas duas crianças representam o céu e o inferno, mas esses nomes são substituídos poe duas frutas, como, por exemplo, maça e pera.
    • As crianças da fila cantam: Bom barquinho/Bom Barquinho/Deixarás passar/Carregados de filhinhos/Para ajudar a criar.
    • Vão cantando até chegar perto das meninas que formam o arco e param.
    • A criança de frente que representa a mãe - e que  deve estar de mãos dadas com a segunda da fila, canta: Licença meu bom barquinho/Licença para passar/Qu'eu tenho muitos filhinhos/Não posso mais demorar.
    • As duas meninas que formam o arco respondem cantando: Passarás, passarás/Que algum deles há se ficar/Se não for o da frente/há de ser o de detrás
    • Aqui passam todas sob o arco, ficando sempre presa a última
    • Pergunta-se a que foi presa que fruta ela prefere (maça ou pera?) Conforme a resposta irá pra trás da menina que representa a fruta escolhida.
    • A brincadeira segue até ficar no arco a última criança, que é a mãe.
    • Nesse momento é revelado a identidade de cada fruta, ou seja, qual fruta representa o céu, qual fruta representa o inferno.
    • As meninas que ficaram no inferno começam a fazer caretas para as que estão no céu. A menina do céu que rir com a careta passa para para o inferno imediatamente. 
    • Finalmente as que estão no inferno formam alas e as do céu marcam carreira e passam pelo meio do inferno, em toda velocidade, pois as meninas do inferno metem a mão nas que estão passando.
    • A brincadeira termina com esse batismo de tapas.


    SOBRE AS CANTIGAS E BRINCADEIRAS DE RODA



    CD com várias cantigas de roda


    As cantigas e brincadeiras de roda são manifestações folclóricas onde as crianças se dão as mãos, formam uma roda e cantam melodias. São melodias simples, com letras e ritmos lúdicos que podem ou não ser acompanhadas de coreografia
    Durante séculos, essas brincadeiras e cantigas fizeram parte do cotidiano das crianças brasileiras. Lamentavelmente hoje as nossas crianças estão mais interessadas em outros tipos de música e brincadeiras e essas manifestações folclóricas aos poucos vão sendo esquecidas.



    Música: Se essa rua fosse minha



    É importante lembrar que "as brincadeiras de roda ajudam a sociabilizar e desinibir as crianças, uma vez que exigem o olhar frente a frente, o toque corporal, a exposição, pois em muitas delas cada um deve se apresentar no centro da roda. Auxiliam no desenvolvimento da expressão corporal, senso rítmico e organização coletiva. São também um dos elementos importantes para a integração e o lazer infantil" - salienta Lúcia Gaspar da Fundação Joaquim Nabuco/PE.







    Não é fácil precisar a origem das nossas cantigas de roda. Nesse nosso imenso caldeirão cultural, influências de várias culturas, principalmente lusitana, africana, ameríndia, espanhola e francesa plasmaram de tal sorte a contextura dessa cantiga infantil, que hoje não é fácil  afirmar onde começa a influência lusitana ou onde termina a africana ou indígena. É inegável que a mais vasta contribuição que recebemos nesse setor do folclore brasileiro foi de procedência portuguesa. Mario de Andrade estudando a nossa música popular, afirma:  "o que mais incorporamos à nossa música popular foram os textos das canções, sejam acalantos, rodas, quadrinhas soltas e os já quase esquecidos romances velhos"
    A grande maioria das cantigas certamente sempre foram brincadas como cantigas de roda. Outras, porém, se originaram  de canções as mais variadas.Em Natal, podemos verificar, por exemplo,  que a cantiga "Vamos maminha vamos", vem do Fandango, um Auto muito conhecido Já o "Caranguejo" e "o Tiriri" eram chulas dançadas nos bailes da cidade: "Lagarta Pintada", Cabra-Cega e o Coelho-Passa, adaptadas como cantigas de roda, são jogos portugueses infantis.





    FONTES:

    • http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar. Lúcia Gaspar. Brincadeiras de roda. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Acesso em 12/01/2013.
    • Veríssimo de Melo - Folclore Infantil - Editora Itatiaia Limitada - Belo Horizonte - 1985

    FOTOS:
    • Acervo do Artista Plástico Ivan Cruz - Rio de Janeiro.
    • Edição de Fotos : Site Pic-Monkey

    VÍDEOS:
    1. CD Cantigas de Roda (1998) - Canções Folclóricas do Brasil - Coleção Palavra Cantada - pulicada no You Tube em 03/05/2012
    2. Música: Se essa rua fosse minha - DVD Galinha Pintadinha 2 - Postado no You Tube por - juptube - em 20/05/2011
    3. Música: Terezinha de Jesus - Conjunto e Coro Infantil CBS - Postado no You Tube por - vangodias em 09/10/2011






    terça-feira, 15 de janeiro de 2013

    A ARTE DE CARLOS JOSÉ - TODO LIRISMO, BELEZA E HARMONIA NAS CORES E IMAGENS DESSE POTIGUAR GENIAL!





    Conheci Carlos José quando éramos bem jovens. Fomos vizinhos por uns tempos, quando ele começava fazer seus trabalhos de pintura em cerâmica. Quantas horas passamos juntos conversando, enquanto ele dava vida, com um colorido vibrante, aos galinhos, aos pratos e as moringas de barro cuidadosamente escolhidos em São Gonçalo do Amarante. Desde então, passei a admirar tudo que fazia. Tempos depois trabalhamos juntos no Departamento de Serviço Social do Estado.Um período muito bom nas nossas vidas. Fomos parceiros, companheiros. Compartilhamos sonhos e projetos. Depois, a vida se encarregou de nos separar, mas nunca deixamos de nos encontrar ao longo desses anos, nem que fosse por um breve tempo. Hoje fico muito feliz de vê-lo reconhecido como um dos maiores talentos do nosso Estado. Ah! Carlinhos, como me orgulho de ter você fazendo parte da minha vida sempre!



    COM CARLINHOS EM JULHO DE 2012


    Carlinhos tem a minha idade; nasceu em 1946, no município de Bom Jesus, interior do Estado, mas vive em Natal há tempos. Foi seminarista, no Seminário de São Pedro.Cursou o segundo grau no Curso Clássico do Atheneu Norte Riograndense e concluiu sua formação acadêmica no Curso de Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
    Desde muito se envolveu com as arte, não só como pintor, mas como colecionador. Lembro quando falava das suas viagens ao interior em busca de objetos, fossem eles, móveis, imagens sacras ou outras relíquias..
    Foi curador da Galeria Convivar't -Coordenador do Ateliê de Artes do Núcleo de Arte e Cultura(NAC), da UFRN até se aposentar. Paralelamente, continuava produzindo pinturas em cerâmica pra sua loja no Centro de Turismo de Natal. Nessa época seu "galinho colorido"" se tornou o mais belo souvenir da cidade, passando a ser conhecido no mundo inteiro.




    Mas não é só do meu amigo Carlinhos que quero falar. A ele toda a minha homenagem em forma de postagem no Vento Nordeste. Quero falar do Artista Carlos José, e como não tenho conhecimentos técnicos suficientes para falar sobre sua obra, recorri a outro grande talento, seu amigo, também artista plástico Iaperi Araújo, que assina a apresentação do catálogo de sua última Exposição.



    SOBRE CARLOS JOSÉ  

    CARLOS JOSÉ E IAPERI ARAÚJO
    DOIS TALENTOSOS ARTISTAS DO RN

    Fragmentos do texto de Iaperi Araújo que consta no catálogo da última exposição de Carlos José, na Fundação José Augusto.

    .
    "Carlos José Marques de Carvalho - utiliza a técnica da pintura naif retratando personagens da cultura popular do Estado, tem contribuído grandemente com o movimento das artes plásticas no Rio Grande do Norte. Sua alta sensibilidade em idear os motivos regionais, dentro de um clima tipicamente nordestino, faz ressaltar a cor pura e viva, como elementos imagináveis de sua graça e sensibilidade."





    "Seus trabalhos têm a característica dos grandes pintores nordestinos: a facilidade e o agrado à primeira vista. Facilidade sem cair no lugar comum do que muitos chamam arte primitiva. Trabalho elaborado dentro de um conceito nascido da facilitação semântica da forma original; áspero, às vezes. Outras, mais lírico, deslumbrando as fantasias do bestiário do seu povo, ou exprimindo, com a lucidez de um expectador imparcial, as coisas e os gestos, os mais simples, situando-se numa linguagem límpida e despida dos formalismos".







    "Seu temário flui como água nova, sem os falsos conceitos. Corriqueira, fecunda e jovem, sem abusões de pronunciar-se perante as formas mais irreais ou as coisas mais simples. Carlos José consegue denunciar em seu trabalho límpido, claro, hospitaleiro e fecundo o clima ansioso de alegria e de festa popular. As bandas de música nos coretos das praças. O passeio alegórico. A lúdica infantil pura e domingueira."





    "Constante, a notícia do Cristo estranho e mutilado, doando-se num cajueiro, ao lado dos frutos, o rubro do seu sangue confundindo-se com a seiva. As carpideiras e devotas. O chão conhecido do Nordeste servindo de palco para a renovação do mistério da vida, paixão e morte do Filho de Deus."




    CARLOS JOSÉ  - ARTE SOBRE TELAS



    É ainda Iaperi Araújo quem escreve: Carlos José "começou em 1964, com o Grupo dos Novíssimos, numa individual, na Galeria de Arte do Município de Natal, e daí por diante, marcou, com sua presença, inúmeras exposições coletivas e individuais na cidade. Suas exposições individuais tinham como diferencial o regionalismo, expresso pela utilização temática e pela cor, formulação de figuras e identidade com o popular, convivendo Cristo e Lampião, ao lado dos ex-votos e flagrantes da vida cotidiana das gentes dos sertões"





    A MAIS IMPORTANTES COLETIVAS


    • Dez  pintores no Natal da Cidade (1964)
    • Galeria Xaria e Galeria Vipinho (1965)
    • 1ª Feira de Artes Plásticas no Sobradinho (1966)
    • Galeria do Rosário em Recife (1969)
    • Feira da Providência, na Guanabara (1971)
    • Salão de Arte Universitária (1972) 
    • Galeria de Arte do Município (1972)
    • Galeria Vila Flor ( 1972)
    • Teatro Municipal Sandoval Wanderley (1974)
    • Nos últimos anos, vem participando de exposições coletivas, na Galeria Conviv’art da UFRN
    • Anualmente da Coletiva de Pintores Ingênuos do RN, na Galeria de Arte Antiga e Contemporânea do Centro de Turismo em Natal
    • Participou da Exposição Artistas Brasileiros 2010 – Novos talentos, realizada no Salão Branco do Palácio do Congresso Nacional – Brasília.


    PRINCIPAIS EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS





    • Centro Norte-Riograndense na Guanabara/RJ (1966)
    • Instituto Histórico do Rio Grande do Norte (1968)
    • Biblioteca  Pública Câmara Cascudo (1969).
    • Galeria Newton Navarro - Fundação José Augusto - Projeto Privado é Publico - "Carlos José e Caros Amigos" - Setembro / 2012

                               

                   CARLOS JOSÉ - ARTE SOBRE PAPEL

                                      (SERIGRAFIAS)
                              

    • Álbum de Serigrafias  “Roteiro Histórico e Cultural do RN”, volume I (1973)
    • Roteiro Histórico e Cultural do RN”, volume II (1978)


                               PRINCIPAIS PRÊMIOS

    • Prêmio de Pintura e Desenho da I Feira de Artes Plásticas do nosso Estado
    • Prêmio do Concurso de Cartões do Natal da Fundação José Augusto (1969
    • Prêmio do Salão de Artes da UFRN (1972)


    Carlos José é verbete do dicionário de artes plásticas do Brasil, de Roberto Pontual – Ed. Civilização Brasileira, RJ, 1969. E do Livro Artes Plásticas do RN, de Dorian Gray – Ed. UFRN, SESC, FUNPEC, Natal/RN,1989.





                  CARLOS JOSÉ - ARTE SOBRE CERÂMICA





    Nas palavras do também artista Plástico Flávio Freitas, "Carlos José construiu  a história do artesanato de barro no Rio Grande do Norte, orientando, coordenando, comprando, vendendo, pintando e agregando valor artístico nunca antes experimentado pelo artesanato potiguar. O famoso Galo de Santo Antônio dos Barreiros tornou-se um ícone potiguar, por anos, na decoração e com o souvenir obrigatório de Natal e do Rio Grade do Norte. A forte imagem do Galo colorido está impregnada na minha memória desde a adolescência, assim como na memória de várias gerações de potiguares e brasileiros. Sua lógica de cor
    es, linhas e formas pintadas sobre a cerâmica popular contém, desde o início dos anos setenta, a mesma estética nordestina hoje explorada à exaustão pelo milionário Roberto Brito de Miami-PE".

    CARLOS JOSÉ E FLÁVIO FREITAS
     OUTRO GRANDE TALENTO POTIGUAR




    "O artesanato de seus trabalhos mais simples, diz Iaperi Araújo, marca a constância de uma pesquisa viril e séria, desde a impregnação da cerâmica popular, com os desenhos dionisíacos de frutos e flores, em que os elementos da criatividade de base surgem como se fossem puras oferendas do povo, até as composições mais diferenciadas traduzidas na expressão popular das figuras e da formulação".





    PINTURAS EM CERÂMICA ASSINADAS 
    POR CARLOS JOSÉ



    SOBRE A VERNISSAGE 
    "CARLOS JOSÉ E CAROS AMIGOS"




    Carlos José foi o convidado, do Projeto Privado é Publico,  da Secretaria Extraordinária de Cultura e Fundação José Augusto (Secultrn/) em 2012. Com a vernissage "Carlos José e Caros Amigos" realizada  Galeria de Arte Newton Navarro, o artista expôs além do seu acervo pessoal quadros de grandes nomes da pintura como: Newton Navarro, Dorian Gray, Antonello Labatte, Assis Marinho, Caribé, Celina Bezerra, Erasmo Andrade, Fábio Eduardo, Fernando Gurgel, Flávio Freitas, Manxa, Iaponi Araújo, Padre Eládio, Socorro Evangelista, Thomé Filgueira, entre tantos outros.



    PARTE  DO ACERVO PRIVADO PERTENCENTE A CARLOS JOSÉ



    1. Marcelus Bob 2. Nilzete 3. Flávio Freitas 4. Newton Navarro 5. Francisco Eduardo 6. Thomé Filgueira 7. Manxa 8. Caribé 9. Flávio Freitas 10. Iaponi Araújo 11. Nival Mendes 12. Fernando Gurgel


    FLAGRANTES DA VERNISSAGE M CARLOS JOSÉ E MEUS CAROS AMIGOS






    Para concluir essa postagem nada melhor que publicar o poema feito para Carlos José, em 1964, pelo amigo Dorian Gray, uma das maiores estrelas dessa constelação potiguar, nesse universo das Artes Plásticas.( O poema consta no Catálogo dessa sua última exposição, como forma de depoimento).



    CARLOS JOSÉ E DORIAN GRAY - DUAS GERAÇÕES
     DOIS GENIAIS ARTISTAS POTIGUARES


                         EM LOUVOR DE CARLOS JOSÉ


    Canto um canto claro
    Para os teus quadros, José.
    Canto os teus terreiros
    De barro e antigamente
    Nas manhãs de engenho menino.
    Canto um canto alegre
    Páteos de igrejas
    Cântaros nas cabeças
    Das mulheres renascendo
    Nos corredores
    Das casas grandes
    sombras
    Canto um canto amigo
    No azul dos teus quadros
    Nos teus santos nos ares
    E no teu Cristo em agonia
    Triste.

    Dorian Gray
    Natal, novembro de 1964.





    FONTES:


    • Iaperi Araujo - Artista Plástico -Texto do Católogo da Exposição "Carlos José e Caros Amigos!
    • Flávio Freitas - Artista Plástico - Texto do Discurso de Abertura de Exposição "Carlos José e Caros Amigos"
    • Dorian Gray - Poema "Em louvor a Carlos José - Extraído do Catálogo da Exposição " Carlos José e Caros Amigos"
    • .Sites:


    1. http://www.rn.gov.br/imprensa/...calos -jose.../12355 /Pintor Carlos José expõe seu acervo pessoal no Projeto Privado é Público -Assessoria Secult/FJA-Sert/2012
    2. http://www.substantivoplural.com.br/exposição-carlos-jose - Substantivo Plural>>BlogArchive>>Exposição "Carlos José e Caros Amigos - Set/2012




    FOTOS:




    • Acervo pessoal de Carlos José Marques de Carvalho
    • Acervo pessoal de Eduardo Alexandre Garcia
    • Imagens Google
    • Edição de Fotos : Site Pic Monkey